27.1.13

im-pulso



tô te escrevendo para não ligar, para não ir até a tua casa e nem puxar uma conversa sem pé nem cabeça. é para matar a vontade de te dar a mão e sair pelo mundo. só tô te escrevendo para saber de você, para conter esse impulso de fazer parte do teu dia a dia, da tua lista de bem querer. tô escrevendo para não enlouquecer de agonia. de saudade. essa saudade repentina, doida. doída. tô deixando as letras aqui para saber se você ainda tá com aquele cheiro que eu tanto gosto, com aquele sorriso que me encantava. saber do cansaço, do último filme, daquele livro que eu preciso ler. saber se você ainda lembra de mim, de vez em quando.

parece que eu só tô te escrevendo porque queria escutar a tua voz, mais nada. só a tua voz no meu ouvido. ficaria por minha conta as lembranças, os abraços e a sensação de ser feliz ao teu lado. só por essa noite. amanhã, já seria outro dia e as segundas carregam o peso de apagar os rastros do que não pode ser. mas, hoje, era só olhar pra você, só te dar a mão, só saber da tua vida, mesmo que ela não cruze mais com a minha. eu ficaria quietinha só escutando se os teus dias andam cheios ou não, se você trocou o carro, mudou de casa, se tá correndo, se ainda prefere aquela cerveja. qualquer coisa.

eu deixaria você falar só para acalmar esse negócio que insiste em voltar, esse troço que me atormenta de vez em quando. eu não sei o nome. e aí depois que você desligasse, talvez o teu cheiro voltasse a dançar pelo meu corpo. talvez, eu desistiria da tua voz nos primeiros segundos ao lembrar que os amores nem sempre são tão amores assim. talvez. mas, hoje...