12.5.09

A um gerânio azul

Tive um sonho inesperado e acordei chorando..
às vezes nosso coração trai a gente.
Sonhei que coração era uma coisa líquida, estava no céu e saía por aí. Deve ter sido após ler, sonolenta, a tua mensagem. Tinha formato de nuvem- não sei se um dia cheguei a comentar contigo a minha mania de nuvens, sempre tento arranjar forma, vê-las passando. É lindo ganhar esse tempo de paz e azul, aqui, no jardim de casa, de pernas pra cima e com cheiro de jasmim. Foi curioso o sonho: o coração se formava, alargava cheio de alguma coisa dentro e deslizava céu a fora. Enquanto eu, quietinha, o observava, como jato, no meu passa-tempo favorito. Pensei, depois, que coração é isso mesmo de chorar, deixar transbordar aos poucos, aos pingos até que não sobre nada, até que mude de cor. Talvez as tuas lágrimas tenham sido o conteúdo do meu coração voador, elas foram para longe, deslizaram. E a delícia foi terem levado uma parte de ti junto, é, você é tão coração, mas tão coração que se decepciona quando é só coração, entende? Não né? Deixa eu te explicar de novo: aí tem tanto amor, mas tanto amor que já vira coisa de essência, necessidade vital, sabe? Não é simplesmente empacotar em uma caixinha bonita, colocar uma poesia dentro e deixar na porta de alguém. É maior, é teu, é companhia. Ele não trai, ele extravasava o amor que mora por aí. É tanto.
É teu.
Teu amor é lindo, gerânio.
E se as lágrimas não deixarem que enxergues isso, toma o meu. Com cheiro de jasmim.

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