Entra no elevador, trêmula. Coração se debatendo em desespero, corpo pedindo oxigênio. O peito está sendo esmagado por algo não identificado, apenas é mais um componente das “dores da alma”. Vontade de gritar, mas não existe voz suficiente – o corpo teve de escolher entre o grito e manter-se em pé.
A chave não entra em acordo com a fechadura devido à mão em tremor, gelada. Se concentra, destranca a porta e empurra em um gesto brusco, move-se direto para o guarda-roupa. Respira com dificuldade, puxa o ar de onde, aparentemente, não tem. A tontura chega, o corpo ameaça desfalecer, o mundo escureceu mais. Abre a gaveta e encontra as tais pílulas– pequenas e brancas, facilmente deglutíveis. Na cabeça passa a sensação de bem-estar daquele comprimido mínimo, sorri. Toda aquela crise de ansiedade (sim, para você que não sabe, ansiedade pode ser patológico) será transformada em sono profundo, a gostosa e viciante inércia humana.
Olha no espelho e se vê repleta de lágrimas. A vida passa em segundos, intensa. A dor lateja, oxida por dentro e por fora – naquele instante não é mais a menina bonita com a fita na cabeça. Malditos comprimidos. Amados comprimidos. Chora mais por lembrar-se que os efeitos imediatos passarão, mas assim que voltar à tona o gosto azedo do fracasso permanecerá na boca.
Com a cartela na mão e de olhos fixos no remédio, se sente mais fraca, mais sufocada. Odiou-se por depender dele, por acreditar que a sua tranqüilidade era uma mistura de elementos químicos industrializados. Limpou o rosto, jogou - o pela descarga, ajeitou a fita no cabelo e foi dançar. Na dança havia à cura.
Sua vida não depende de um Rivotril.
A chave não entra em acordo com a fechadura devido à mão em tremor, gelada. Se concentra, destranca a porta e empurra em um gesto brusco, move-se direto para o guarda-roupa. Respira com dificuldade, puxa o ar de onde, aparentemente, não tem. A tontura chega, o corpo ameaça desfalecer, o mundo escureceu mais. Abre a gaveta e encontra as tais pílulas– pequenas e brancas, facilmente deglutíveis. Na cabeça passa a sensação de bem-estar daquele comprimido mínimo, sorri. Toda aquela crise de ansiedade (sim, para você que não sabe, ansiedade pode ser patológico) será transformada em sono profundo, a gostosa e viciante inércia humana.
Olha no espelho e se vê repleta de lágrimas. A vida passa em segundos, intensa. A dor lateja, oxida por dentro e por fora – naquele instante não é mais a menina bonita com a fita na cabeça. Malditos comprimidos. Amados comprimidos. Chora mais por lembrar-se que os efeitos imediatos passarão, mas assim que voltar à tona o gosto azedo do fracasso permanecerá na boca.
Com a cartela na mão e de olhos fixos no remédio, se sente mais fraca, mais sufocada. Odiou-se por depender dele, por acreditar que a sua tranqüilidade era uma mistura de elementos químicos industrializados. Limpou o rosto, jogou - o pela descarga, ajeitou a fita no cabelo e foi dançar. Na dança havia à cura.
Sua vida não depende de um Rivotril.
12 comentários:
Clara, minha querida, se todos tivessem essa coragem... Isso tem acontecido com bastante freqüência.
Não podemos negar que certos remédios são necessários para algumas pessoas, cada um tendo seu caso, mas o fato é que há aqueles que encontram nos remédios a fuga efêmera.
Você faou disso com maestria em cada ação, cada detalhe. Que bom ler-te de novo! Bjos e obrigado pela visita!
*falou
Temos mesmo que aprender a ser fortes e idependentes!
linda coragem =)
beijos
Concordo com o Ziggy: há pessoas que buscam curas fugidias em fugas efêmeras, quando na verdade, basta buscar em si mesmo a força para seguir em frente. (e a gente sempre tem essa força).
Lindo, Clara.
Beijos.
Não depende até a próxima crise.
Me soou como um final aberto, não sei se foi a intenção.
Pobre moça.
Mas é assim mesmo, cada um tem seus vícios nesse mundo. Não sei até que ponto uma "cura" seria utopia.
Não que eu ache utopias coisas ruins. Pelo contrário.
Clarinha, selo novo pra ti! Passa lá no blog. Bjos!
A vida é um teste...coragem é elemento..independencia é necessidade!!!!!!
beijokas minha linda
Aff...
Ás vezes, viver é doloroso... ou seria sempre?
beijos daqui...
Olá!
já ouvi sim dizer dos nossos refúgios, das nossas depêndencias e apoios seguros. Precisamos deles. E cada um tem um? num sei como isso funciona... mas sei que deparamos ai com nossa fragilidade e o nos conhecer se torna algo real. O nosso conhecer nos transforma, nos capacita a trabalhar dentro de nós, a crescer para nós. Nos limites q são nossos.
Mas na prática, na vida, isso é mais que difícil.
virei aqui mais vezes... viu?
A vida é cheia dessas peças....
O importante é viver intensamente cada segundo! e é isso que seu texto me passa!!!
Intensidade!!!
Bjkas
É triste ver que às vezes condicionamos nossa vida, e nela a felicidade, deixando escapar preciosas e eternas chances de nos sentirmos completos, plenos e verdadeiramente felizes.
Tornamos-nos marionetes de nossas vontades, medos, manias ...
Bom texto clara.
beijos
Concordo! certo que os remédios ajudam a curar os sintomas,mas não tratam diretamente do problema. Depende de nós rsolvê-lo. e não estamos sozinhos para isso. uma vez ouvi umafrase e gostei,era assim: "não existem remédios químicos para problemas que não são químicos". como disse, trata o sintoma,mas o problema em si, n´so temos de vence-lo por nós mesmos. abraço!
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