26.2.09

Não sei se cheguei a te dizer que fui colocar a minha fantasia para lavar logo cedo e ajeitar o meu sorriso para os dias de carnaval. Os remédios ao invés de entorpecerem, ativaram o meu lado mais livre, mais intenso: enlouqueci em palavras, cheiros, bocas e chuva, tudo muito pouco dosado, muito pouco ordenado. Sim, meu amor, eu aproveitei a festa, flutuei pelas ladeiras olindenses com os passos de frevo que aprendi durante o ano passado. Sambei, ri, chorei, a pressão subiu e baixou ao som de “não se perca de mim, não se esqueça de mim, não desapareça”.
Encontrei desconhecidos e o Menino-movimento me ensinou que alguns antigos amores cravam flores no coração, você sabia disso? Ah, se soubesses quanta diferença que essa frase fez na minha vida!
Consumi o lícito e o ilícito,e, de uma hora para outra, não soube distinguir qual era a minha língua das outras. Tudo se juntou e eu mesma misturei. É, talvez, em plena folia, não serias capaz de me reconhecer na multidão. No entanto, ao te ver, por dois míseros segundos, renasceram, por todo o meu corpo, os nossos planos, o cotidiano enamorado e a saudade do teu abraço. Me perdoa por ter baixado os olhos e fingido ausência bem na tua presença, justifico-me: o teu cheiro anda pelas minhas veias, mas é carnaval, não me diga mais quem é você, amanhã tudo volta ao normal...

Recife, 24 de fevereiro de 2009.

8 comentários:

Erica de Paula disse...

Ah, carnaval!!!

Não tenho esse pique q tens, mas é lindo vê-la transformar folia em poesia!!!

Até rimou!

Bjsssssssss :)

Unknown disse...

ah, maravilhoso o post! vou dormir bem mais contente por tê-lo lido! :)

Filipe Garcia disse...

Oi Clara,

mal posso prever a confusão que se transforma o palco quando folia e saudade se encontram no mesmo palco. O jeito, talvez, seja mesmo abaixar os olhos e seguir pulando.

Beijo.

Erica de Paula disse...

LInda, tem um meme pra ti no meu blog!

Bjs :)

Jaya Magalhães disse...

Clara,

Tão delícia teu comentário lá no blog, moça. Abriu caminhos pra chegar aqui e apreciar tuas letras-flores, que eu já catei pro meu jardim, também. Pode abrir janela, lá?

[Gostei de espiar].

E ah, que texto é esse? Sonho de carnaval, meu, é o Recife. E nem ligo se trouxer pra mim história como essa tua. Que encerra com Chico, mas já sem máscaras. Um embriagar de lança-paixão. Em nós, também, que sentimos as palavras como se nascessem da gente. Perfume.

Eu volto.

Te beijo, daqui.

Asas, sonhos e coração... disse...

2 míseros segundos podem fazer muita coisa...

Mas vc eh mt maior que isso, minha menina Clara...o samba tem mt mais notas na tua dança, por isso saia pulando novamente por aí, o carnaval ainda não acabou! Não para vc...

Que venham mais segundos, minutos, horas, dias, meses, anos e muitas historias para contar... No final das contas, nada mais somos q inúmeros aglomerados delas... Não se eskeça disso...

Amo tu!

Thaís Salomão disse...

"a gente se ilude dizendo que já não há mais coração..."

carnaval tem dessas coisas, a gente bem sabe disso, né?

é.

Anônimo disse...

A mesma rosa amarela

"Você tem quase tudo dela,
o mesmo perfume, a mesma cor,
a mesma rosa amarela,
só não tem o meu amor.

Mas nestes dias de carnaval
para mim, você vai ser ela.
O mesmo perfume, a mesma cor,
a mesma rosa amarela.
Mas não sei o que será
quando chegar a lembrança dela
e de você apenas restar
a mesma rosa amarela,
a mesma rosa amarela.
"

(Carlos Pena Filho)