Posso te assegurar o coração não te esquece
Naquela noite veste, prece, pele, enfim
Uma canção em si.

Uma canção. Cheia de dós, fás, sustenidos. Você, para mim, é uma canção. Daquelas que se quebra a cabeça para acertar a batida certa, mas que quando os dedos aprendem viciam-se de forma inimaginável e recusam qualquer diferente lá, si, mi. Um ritmo delicioso, remexendo as veias e artérias, aquele movimento involuntário dos pés, um vai e vem compassado, e quando me vejo, estou completamente entregue as batidas, rimas não rimadas, notas, dançando, feito bailarina, a tuanossaminha música. São passos livres, menino. Passos que me vem à cabeça na hora, meu corpo rende-se a tua partitura colorida. Teu rock se mistura ao meu frevo na nossa dança louca, delirante, ilógica. São três pra lá e dois pra cá. Às vezes, quatro, mas não mais que cinco. Teu cheiro é meu par no salão, saímos por ai, sem rumo, sem teto e de mãos dadas. Estais gravado em mim em forma de mundo, estrada, alimento pra alma, entende? Coisa que fica, menino. Coisa que fica. Aproveita e fica mais um pouco, esquece a chuva lá fora e volta pra cama, o dia ainda nem começou.

Posso te assegurar o coração não se esquece.
Meu coração não te esquece.