Porque você vai chegar como se nada tivesse acontecido.
Sentar na areia e falar qualquer bobagem que envolva cerveja e suor. Sem
escapatória, você vai me olhar um pouco envergonhado até conseguir achar um
foco que se desvencilhe dessa arapuca que armaram para juntar os nossos
abraços. Eu vou sorrir. Calma, leve, em silêncio. Enquanto você desdobra as
cordas vocais, vou filmando cada um dos teus movimentos para descobrir tuas
minúcias nesses dias de verão. Vamos manter um diálogo que não passe das linhas
habitáveis do bom entendimento, da boa amizade. A bebida fará efeito junto com
o sol que vai brilhar só para aumentar as doses de álcool que serão as desculpas
perfeitas para o fim da noite. Você vai continuar falando sobre a vida e suas
aventuras espetaculares com isso que chama de amor e eu vou ouvi-las e me
perguntar onde me encaixo nas tuas artimanhas. De repente, eu vou achar que
nada mais faz sentido. Na décima cerveja, ficaremos cada vez mais amáveis, mais
soltos. Vou começar a achar que vai ser neste momento, que chegou a hora de
você adentrar na minha vida. Meus sorrisos serão mais incisivos, minhas mãos
ficarão trêmulas e meus olhos te perseguirão aflitos, cheios de sede. Mas, você vai sair para
encher o copo ou repetir aquilo de que precisa ficar em pé para manter o ritmo
e vai se desvencilhando da minha lente. Eu vou continuar ali por causa do sol e continuar sentindo os teus passos irem até onde não dá. Até te observar
de longe e congestionar, na minha cabeça, todas as palavras você acabou de
repetir. Juntá-las, em desespero, para fazer um poema qualquer que seja fácil e
que contenha todas as letras do teu nome, espalhadas em linhas longas para que
te dê preguiça. Teu, todo teu, como este. E você vai dormir e eu vou ficar
pensando como seria estar, ali, ao teu lado, o tempo todo. Como seria morar nos teus
braços, mesmo que por estes dois dias. Enquanto você sonha e não vai querer imaginar o que
acontece aqui por dentro, eu vou repetir que você é a minha melhor promessa de
um ano novo. E que eu vou estragar tudo, mas, mesmo assim, meus olhos...
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