2.9.07

Marias

A menina, a do sorriso, conduzia a alma ao som de ‘ tudo é divino e maravilhoso’, do Caetano. Ela tava tão envolvida com a música que nem percebeu que já tinha chegado ao fim minutos atrás,a energia tinha ido embora, do nada . Foi estranho olhar pros lados e não sentir as batidas, escutar o refrão, deu certo medo e ainda por cima veio o escuro (devo confessar que ela tem pavor do escuro, mas não conta, vai!). Sem a luz e a companhia da música, a menina resolveu tirar as partes de dentro dela, as Marias que a habitam, era a única solução, sozinha é que ela não aguentaria ficar.

A primeira a sair tinha cabelos pretos da moda, era uma versão mais sinestésica da menina original. Vive a flor da pele, com todas as cores da aquarela - só dela, por isso, sem o amarelo - pal-pi-tan-do. Era uma menina de extremos, a espera de algo que libertasse todo o encantamento que ela tinha pra oferecer, todo o amor que está guardado a oito chaves. Cantava ‘he had the movies to save the daay, but you would love him anywaaay’ olhando pela janela do quarto. Sempre atenta e forte. Ela era a companheira fiel, já passaram por tantas coisas e foi na força que elas tinham que tudo terminou bem, no sentimento que unia elas, não era uma simples amizade. É um orgulho tão grande que a menina tem dessa Maria, só por ela ser assim: Maria, com esse M maiúsculo, é daquelas que você olha de longe e fala ‘ porra, tem que ser feliz’. A menina sabia que, no mundo, a maria- da- estrela - no - ombro era e é a ‘ninja’ dela, a parte que a deixa em pé. E assim, seguiram juntas, mesmo sem saber pra onde iam, mas seguiram, com atenção ao dobrar a esquina. Mas nada podia contra elas, fiquem certos.

A segunda era uma florzinha que inverno nenhum desbotava. Quando ela queria, a alma loira com os olhinhos verdes colocava pra fora um misto de cores fascinantes e um sorriso inigualável. Cantava escondida ‘olhos nos olhos, quero ver o que você diz’ do Chico e não saia do salto mesmo que o pé se transformasse numa bolha. Traz um mundo dentro do peito e é tão amada, tão simples de se amar. Desabrocha, dona flor! É uma das melhores partes da menina original, uma das mais queridas, mesmo uma sendo lírio e a outra jasmim,sempre foram diferentes, mas isso nunca impediu que a menina guardasse a florzinha no vaso mais bonito que ela tinha (bate um medo só de pensar que ela queria perder as pétalas antes da hora). Tantas vezes choraram juntas, riram juntas, sempre juntas, mesmo que não no plano físico. A florzinha segurou a mão da menina mesmo precisando muito mais que a menina segurasse a dela e assim elas seguiram juntas pela vida, como elas fossem maior (e são) do que qualquer coisa nesse mundo.

A terceira é feita de azul- do -céu com um verde clarinho. Sonhava acordada com o príncipe encantado, com os amores impossíveis e com a primavera. As pessoas que a cercam não perderam tanto a crença no amor por causa dela, pelos sonhos, pelos desejos que terminaram contaminando a menina de uma forma boa. Ela era uma sensação, uma certeza de amizade pra vida e isso deixava a menina tão feliz, tão clara. Vendo que a menina tava no escuro, essa maria saiu voando, pegou todas as armas que ela tinha e gritou: ‘menina,volta a dançar!’ (ela sabia que o ponto fraco dela era fazer passos com a alma), a menina virou-se, soltou um sorriso em paz, daqueles que ela costumava dar quando a música do Caetano tava tocando,e saiu correndo pra encontrar a Maria verde e azul. Deram um abraço grande e foram rir com a vida, sem deixar de acreditar no amor, por mais que elas tivessem motivos pra isso.O verde clarinho transformava essa Maria numa espécie de coisa rara, daquelas que você quer colocar numa caixinha e guardar pra sempre.
Ela é tão importante, tão querida.

E assim, as três marias de uma Maria maior saíram por aí. A certeza de que todo mal que pudesse ou que estivesse por perto era efêmero perto da força que as quatro tinham juntas era boa demais. A menina-maria até esqueceu que o escuro era assustador por que ela tinha 6 mãos pra segurar, três corações a mais e isso não é pra qualquer uma, desculpa aê.
Andaram por mais meio quilômetro com ‘olhos firmes pra esse sol, essa escuridão’ e assim a música voltou. Ela não precisava mais daquela energia anterior,tinha a dela que era a de três pessoas juntas e com isso podia gerar um lálálá, um viva a bossa-ssa-ssa em alto e bom som, sem tempo de temer a morte.

cantaram até o amanhecer.

4 comentários:

Anônimo disse...

Mew, esse teu post merece uma publicação em uma dessas revistas legais para bons entendedores!!

Adorei demais!


=**

Anônimo disse...

Sabe aqueles comerciais do Shampoo Seda, nos quais saem várias versões da mesma mulher do armário?

Pois é ;/

(...) Ariel disse...

menina Clara ^^

saudações!

Esse seu post está demais mesmo rs...sabe assim,intrigante?rs

E mais uma coisinha importante! =]

Tenho uma convocação pra senhorita lá no meu blog...então...dá uma passadinha por lá...e só participa se quiser tá?! rs

Juliana Almirante disse...

Ótimo post...
nossa, amei mesmo.

Tb tenho Maria´s em mim...
n soh pelo meu nome,
mas pelo caleidoscópio de facetas da minha inconstância.


bju