14.6.08

Sabe quando aquela angústia se acumula dentro do peito? O medo não adjetivado que se explode em palavras perdidas como poeira de um vulcão?
Sim,um vulcão. Um monte de magma em pleno estado de ebulição na busca do infinito. Força tamanha, superando a gravidade para aliviar o caos, a revolução interna. A linha finíssima entre vida e morte.
Voltando à angústia, compare-a ao desabrochar da lava. A fissura existe devido a algum descompasso terrestre, um passo mal dado, impossível evitá-la, apenas conviva com ela. No meio dessa falha, correm, entre veias imaginárias, gases em expansão, zonas de instabilidade crescentes, cansadas de tanta pressão magmática. Comporta-se assim o sufocar do peito, igual a um objeto estranho, incômodo e fértil. Um anúncio de revolução. Enquanto existe uma formação contínua de material magmático o solo briga pelo equilíbrio, pelo sentido da palavra “estático”, no entanto, o ardor parece multiplicar-se exponencialmente e fora da faixa de visão humana ao ponto de explodir em silêncio ácido, poeira cósmica. Revolução. A partir desse momento, saiba: tudo queima.
Só há um movimento vertical e com uma força desproporcional, contra a ordem natural dos fatos e esperanças. O que antes se chamava angústia, hoje ganha novos figurinos: medo, desespero, suor frio e uma boa dose de ansiedade prestes a ganhar vôo. Acalme-se, só está começando. Agora a lava destruirá tudo o que encontrar pela frente, vai se transbordar em cinzas e reagir quimicamente com o ar. Nos próximos segundos, irás expelir palavras venenosas, sulfúricas, capazes de atingir a pele alheia e causar cicatrizes, apenas para deixar sublimar-se. O processo tem origem exclusivamente natural e produzirá energia. Sim, energia. Aquilo que transforma. Por falar nela, note que do caos nasceu à fertilidade, mola propulsora para o que chamam de vida.
E a vida é um eterno vulcão.
* créditos divididos com o menino que sabe de vulcões.

13 comentários:

Fernanda Fronza Fotografia disse...

Gostei muito daqui, ;)
Parabêns pelo blog.
Abraço Clara, Beijão!

Araúja Kodomo disse...

Lindooooooooooooooooooooooooo!!! ***

Flávia Ruas disse...

Nossa, que palavras dificeis! haha
Ficou ótimo o texto. E tomara que a vida seja mesmo um vulcão, mas um vulcão em atividade. E os efeitos que essas lavas causam, a gente tenta minimizar, mesmo que eles valham a pena.
Beijo

Narradora disse...

Dava até pra sentir...
Boa imagem.
Bjs

Sunflower disse...

O meu vulcão costuma ser no estômago e explode pela boca. Já, li que o terreno atingido pelo magma, depois de uns tempos, se transforma em um solo rico e fértil. Quanto tempo, clara, quanto?

Beijo grande

Ni ... disse...

Que este vulcão escorra uma lava repleta de coisas boas...

Lindo!! Beijo

Aline Romero disse...

As explosões são necessárias, não Clara? Independende do quanto elas pareçam destrutivas, uma hora tudo se acalma e a vida se reconstrói - muitas vezes sobre a ilha formada pelo magma seco...
Belo texto. E tem presente pra ti no meu blog...

Daah O. disse...

Sou igualzinha, minha vida as vezes se torna um caos dentro de minha cabeça.

André disse...

é. a vida foge do nosso controle, sim..se vive momentos de medo, angústica, chega a ser desespero.. mas ultimamente comecei a ver esses desespero de forma boa, exatamente por esse papo inteligente de fertilidade no local por onde a lava passa e blablabla. Por um momento é possível ver que dali sai algo bom. No meio de tanta destruição e reforma, sai alguma coisa boa.. uma hora tudo fica bem, ou se espera que fique, sempre assim..daí o desespero, desespero agradável..Désespoir agréable.

(Já te adicionei no msn, mas você NUNCA tá por lá, baby. :( hehe)

Beijocas meninaclara!

Mafê Probst disse...

Impressionante como você sempre (d)escreve meu coração.

Por isso gosto tanto daqui, decerto.

Camilinha disse...

sei bem como é...

(ainda bem!)


beijos daqui...

Anônimo disse...

Eu sou eternamente angustiada... E sei como não gosto de ser...

Beijos.

Eu, que não sou Chico disse...

Oi menina!
Primeira vez que passo aqui e encontro textos muito tocantes. Me insipiraram, mas não tenho esse talento. Me convido a vir aqui mais vezes ler suas histórias.
Abraço Clara.