6.9.08

Em uma mesa de bar, enquanto havia uma intensa discussão sobre "carpie diem", as três meninas se alegravam com o olhar, ao som de um samba distante e cerveja gelada. O moço do amendoim tentava aumentar o preço. O mundo se reunia àquele momento, as letras se contorciam no panfleto. Tudo soava como há anos atrás, anos que não passavam, que ainda reuniam o mais importante daquelas três: o amor.
Cerveja para quem não pode, samba para quem precisa e amendoim para viciadas. Um dia, o que não era perfeito, tornou-se em um segundo. Tantos desconhecidos reunidos em uma rua, três pessoas que só queriam aquela oportunidade: a mesma mesa, o mesmo bar de momentos tão brilhantes. Não trata-se de nostalgia, visto que o presente lateja no instante, trata-se de emoção, reencontro, abraços silenciosos, laços fortes.
Cigarro a quem precisa dele para destencionar o peso dos ombros. Cheiro de qualquer coisa antiga e moderna no ar. Samba de raiz. Meninas que se conheciam há anos atrás, por força do que chamam de destino, apenas colhendo frutos de uma amizade cantada ao som de um pé que brotou Maria. Às vezes é preciso utilizar mais a expressão "carpie diem", mas do que vale a vida sem amores eternos? De que vale um jardim que pode ressecar?
Nós nos regamos, nesse instante, com cerveja, nicotina e amendoim, enlaçadas por algo muito maior e imenso e desconhecido. Não interessa substantivá-lo, interessa esse sentir constante, essa graça, esse bêbado com chapéu torto na noite do Brasil.

Recife Antigo, início de 6 de Setembro de 2008.
* Os comentários anteriores serão respondidos, garanto.

7 comentários:

Thaís Salomão disse...

é...margarida nasceu. :)

André disse...

Nos bares perdidos as palavras se encontram, as pessoas também..encontram as outras e o mais importante: encontram-se a si.
Não abro mão..

Bernardo Sampaio disse...

me faltam mais momentos sublimes desse tipo. pra contemplar e viver de forma saudável o passado também.

Ana Cláudia Zumpano disse...

que encontro maravilhoso!!! parece que eu sou uma dessas três aí... pra mim não há nd melhor que um samba, um cigarrinho uma cerveja gelada e boas amizades... muito amor... coisa q a gente não consegue nomear... apareça menina clara!!!
beijos ;***

Narradora disse...

Combinação perfeita essa sua. Amigos, desses de verdade (se é que existe de outro tipo...rs), "o dia pra vadiar/um mar que não tem tamanho/e um arco-íris no ar (com a licença de Caymmi)".
Momentos felizes assim, são pra gente guardar mesmo, não por melancolia, mas porque algumas coisas na vida merecem lugar especial.
Bjs

Anônimo disse...

Aí encaixa o eixo,
peça preferida;
gargalhadas e bebidas.
Aí destravam o queixo
e viram noite a prosear
nessa roda de marias.

:***

disse...

Nada como amanhecer no Antigo, embalado por samba e amigos.

Bjo