12.5.09

Terça à tarde, uma garrafa de Martini e um marlboro class. Flores na mesa, unhas vermelhas, nuvem negra com Chico, Gal e Djavan, no último volume. Estava lembrando-se da sua época de bailarina – será verdade a máxima: uma vez bailarina, sempre bailarina? - O copo com Martini permanecia quase intacto, ela tomava goles pequenos, talvez só para saber que estava ingerindo algo, talvez só pra ter companhia. Era mais gelo derretido do que álcool, era qualquer imitação de um dia depressivo. Essa bailarina, essa mesmo da foto, de postura clássica e elegante, agora estava assim, com os cabelos bagunçados, cheirando a cigarro e rodeada de flores. Trocou a música clássica pela voz visceral de Billie Holiday, trocou a quinta posição por uma posição qualquer, a que desse vontade.
Palavra por palavra, eis aqui uma pessoa se entregando.Coração na boca,peito aberto,vou sangrando. São as lutas dessa nossa vida,que eu estou cantando.Quando eu abrir minha garganta,essa força tanta.Tudo que você ouvir,esteja certa,que estarei vivendo.Veja o brilho dos meus olhos e o tremor nas minhas mãos, e o meu corpo tão suado,transbordando toda a nossa emoção.E se eu chorar e o sal molhar o meu sorriso, não se espante, cante, que o teu canto é a minha força pra cantar.



Saiu rodopiando. Talvez sob efeito do álcool, talvez sob efeito da vida.

2 comentários:

Juliana Campos disse...

nostalgico e lindo!

Elisa Lis disse...

Saudade desse permitir estar só comigo de verdade!