30.9.09

A poesia está solta

Minha noite terminou no gin. Se você realmente soubesse o sabor inexplicável do gin e se limitasse apenas ao teu discursso de palavras doces ,com a finalidade de entender a minha predileção por destilados, a noite teria sido outra. Você me deixaria a mercê dos meus sonhos, com meu cigarro e minhas pernas cruzadas, enquanto The Cramberries tocava a minha música predileta. Mas não, você ainda acredita nos diálogos inconclusivos e cheios de ideias pela metade como arma letal para a minha “insensibilidade”, para teu papel de vítima, para a saída triunfante – jogar o dinheiro na mesa, as frustrações no ombro e sair, no cenário de pessoas boquiabertas. Ótimo, parabéns, a cena seria divina, se não fosse patética.
Sempre deixei claro não ter paciência para amores alheios. Defeito? Fato? Não importa. Desde o primeiro segundo te disse que consumia o amor do tipo egoísta, alucinado pela loucura do instante, do que brotava dentro das minhas entranhas. É justamente desta loucura meu alimento e não de tentativas, quase cênicas, de implantar flor que não brota na primavera que não chega. Te avisei, aqui por dentro é jardim e não papel em branco para os teus desenhos. Escrevi que estabilidade não era o meu forte, sumo, sem destino, quando bem entendo, busco versos e não pistas para a minha ansiedade descontrolada.
O gin já fazia efeito e você não conseguiu compreender. Assim como não consegue compreender que desviar os olhos, no meu caso, é a minha tentativa de não despejar em você todas as dúzias de adeus, todas as idas pretendidas ao longo das tuas declarações de amor mal direcionadas. Entende que não mal digo e nem maltrato teu amor, pelo contrário, respeito e me mantenho distante para não estragar qualquer beleza que ele venha a ter, qualquer instante de poesia, de azul que consegues capturar de mim. Mas a tua busca é por um amor tranquilo, estável e uma casa com relógios na parede, já a minha alma sente sede de caos, voo e brilho, sem limites.

Me deixa com o gin, ele faz mais efeito.

9 comentários:

Rounds disse...

olá,

legal o post.

acho engraçado como o on the rocks está linkado aqui: rock? on.

rsrss

bj

Thaís Salomão disse...

e esse foi inspirado, visse?
respirado.
sei lá. hehe

Sunflower disse...

Nhaim, doeu meu coração.

Vou ter que ouvir Cranberries de pau agora:

"And I couldn't find the words,
To say, "I love you."
And he couldn't find the time,
To say, "I need you."
It wouldn't come out right.
It wouldn't come out right.
Just came out all wrong. "

Unknown disse...

é maguinha,somos da categoria que calmaria demais, tim tim por tim tim por demais nos cansa. Fazer o que. Te amo!

clau disse...

É daquelas pequenas, cujo fogo não se apaga porque emenda de toco em toco de cera. Mas quem liga pra tamanho, comprimento, número, quando o mundo todo brilha?

Anônimo disse...

eu fico tão aqui algumas vezes
que esqueço de sair.. e vou ficando, ficando, fazendo das suas palavras as minhas e fico gin, digo, ele me fica também... faz mais efeito :*

Jaya Magalhães disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaya Magalhães disse...

Mais uma dose? É claro que eu tô afim. A noite nunca tem fim, bêibe.

Por que a gente é assim?

[Gole].

Unknown disse...

alma de poeta que tem sede de infinito! :)

belo post!