1.10.09

Ela é um presente. Veio embrulhada em uma caixa verde, repleta de letras coloridas, em várias tardes de sol. Havia uma placa grande que noticiava sua natureza: feita de pétalas, sensível a todas as estações. Mistério para qualquer ser, com o mínimo de curiosidade. Deixei-a quietinha, na caixa, com intuito apenas de ver brotar. Nas madrugadas, abria, delicadamente, seu ninho e conseguia observar as raízes crescendo, o marejar dos meus olhos a cada nova poesia, a tamanha sensibilidade. A menina dançava por dentro, gritava por fora, era uma, era todas. Um dia, me disse: sou Dora, moro na vontade. Em outro, acompanhava meus passos e se dizia Dulce, de fogo e veia latejantes. Na maioria das vezes, era Jaya, a menina de nome precioso, de cachos e com dedos lambuzados de amor. A tamanha variedade representava a complexidade da pessoa, as várias vias, o tamanho do sorriso.

O fato foi que a menina cresceu, aqui por dentro. De estrofe em estrofe, Jaya transformou-se em rima rara, certeira, coisa de energia. Os cachos, cheios de segredos, alisaram-se e deram vez a uma mulher repleta de sonhos reais e vontades nos pés, capaz de buscar-se no canto qualquer do mundo. Ela foi me ensinando a necessidade das letras, a capacidade de ser tanto, ser tudo e hoje sou um pouco da doçura dela, livre.

Nos alimentamos de palavras bonitas reunidas em contos de amor e ódio. Ela e suas versões infinitas, eu e minhas confusões narrativas desordenadas fomos construindo um texto longo, reticente. Os parágrafos são fortalecidos com a admiração que a tal menina vai desabrochando todos os dias, sendo conjugado no mais puro e feliz presente, no instante agora de tê-la presente. É uma delícia. É necessário. É poesia solta.

Você é um presente. Dos bonitos.

É teu, moça.

7 comentários:

Jaya Magalhães disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaya Magalhães disse...

Hoje, no papel, eu escrevi para você, e disse que queria poder te entregar todos os sentimentos mais bonitos daqui. E que por não saber selecionar, diante de tanta mistura entre amor e dor, abri a parte doce do meu coração e salpiquei ali. Salpico aqui. Recebe, Clara. Receberá, envelopado, também.

Eu acho a coisa mais certa do mundo a gente ter aparecido assim, escancaradamente, uma pra outra. Essa fusão louca de Doras, Dulces, Claras, Anas e quem mais chegar. É isso que somos: todas. Nós mesmas, e aquelas que o momento pede pra ser.

Acho também muito injusto que minhas lágrimas tenham despencado a cada palavra dessa que meus olhos comeram. Mais injusto ainda que elas não possam dizer: tá vendo aqui, moça? São pingos de amor que escorregam para você. Por tudo. Pelo agora. Pelo que há de vir.

É lindo. Foi lindo. É puro espelho teu.

Me aguarde, que te maltratarei igual. Bemdicumforça. Haha.

Presente por presente, você, para mim, é festa. Um frevo. Um doce. Uma euforia luminosa, sim. Porque meu tom cinza ficou azul, depois de ter você, hoje.

Você é azul.

Que nossa poesia solta não deixa nunca de querer se amarrar.

Toma um beijo.
E todo aquele excesso de carinho.

Anônimo disse...

dois presentes.
graças ao bom Deus

que eu fico bobomaisquetudo
com essas mulheres da minha vida

:*

eloisa disse...

Ah, que bonito. Para a Jaya. Ela merece, que eu gosto muito de ler o que ela tem a dizer. E sabe, foi lá que vi teu blog, um mimo de blog.

Meu beijo.

Palazo disse...

NO começo eu achava que era biográfico o texto, mas após ler o blog da Jaya percebi que a poesia fazia todo sentido....

Beijos

Anônimo disse...

A primavera sempre traz coisas boas. Não há como fugir.

Analista de sua própria vida disse...

Uma bela homenagem.