15.10.10

i´d rather dance than talk with you

Tem tanta coisa presa que você não faz ideia. Eu tenho um mundo inteiro de letras pra despejar em você, mas quem é você mesmo? Por muito tempo, eu tentei abstrair esse pronome completamente indefinido e não identificado, essa música que apenas era um barulho distante em um bar qualquer cheio de gente. E cansei, sabe? As pessoas cansam, se mudam, conhecem outras rotas, talvez eu até me enquadre nesse contigente de seres que se dizem humanos e que precisam de um fator de mutação sempre ligado ao último volume. Ou talvez eu invente e reinvente teorias para tentar não ter que me encarar quando o assunto remete àquela história, àquele dia, àquela coisa. É sempre mais fácil olhar para fora do que ter que revirar o que deveria estar enterrado.

Escrevo e apago inúmeras vezes o mesmo parágrafo porque nada insiste em formar uma frase. Fico me pegando ao que sobreviveu, a sensação que você representava, mas nem isso quer ser letra. É que talvez eu nem deva mais imaginar a tua suposta presença em qualquer canto, e pra  dizer a verdade, eu nem imagino.  Fico apenas catando qualquer resquício teu pra ter um texto bonito, pra, quem sabe, toda aquela inspiração sem tamanho volte a aportar pelas minhas águas.  É muito mais meu do que teu, sabe? É muito mais ausência do que qualquer cheiro imaginável teu. É muito mais precisar de existências do que sufocamento causado pela tua.  É coisa que passa, menino. Coisa que passa.  

Mas, voltando as músicas. Fechei os olhos recentemente e pude sentir o arrepio que me rondava a alma, nas antigas madrugadas. Era uma coisa tão simples e tão estonteante que chegou a deixar cicatriz – aquilo sempre te mostra que por traz de um traço na pele existe uma imensidão de acontecimentos . E os tais acontecimentos – meus, teus, nossos? -  não chegaram a ser maiores do que a paz que você me ensinou a cultivar. Bastava fechar os olhos.  Entende que não tem nada teu? Bastava fechar os meus olhos e escutar o dedilhar daquele violão. É que, como sempre, você me ensinou que éramos apenas eu e a minha parte que gritava. Eu e a minha outra parte que precisava daquela outra parte que não podia ser uma.

Tá vendo? Eu só precisava pensar em você, pegar emprestado tudo o que eu acreditei e o que me fez inocentemente feliz para despejar da melhor forma que conheço: palavras. Para mim,  nada vai mudar. Isso foi apenas uma conversa de esquina, um telefonema errado, tudo o que se faz e que perde o sentido ao virar a página. Ou quem sabe isso foi um desabafo tardio, um sorriso aliviado. Ou até mais um texto pra sua coleção de como as minhas letras podem soar bonitas quando se referem a você.  Qualquer coisa que você queira, não queira. Sei lá. Tem um cigarro aí? 



6 comentários:

Fernanda Pereira Carneiro disse...

essa eh vc...
te amo!

Fernanda Pereira Carneiro disse...

HAHAHAHA agora q vi q meu link foi como "Cintura Fina 2"...eh pq eu to ajudando no blog da loja da mãe do Luis...repara não, flor...sou eu, Nanda! uhahuauha

Rounds disse...

legal, clara bela, clara - rs

bj

Sunflower disse...

Vim só deixar um beijo e chequei que está tudo lindo e nos conformes. Como sempre.

Maíra F. disse...

Que surpresa boa achar um blog como o teu e como o Versos de Falópio! Voltarei muitas, muitas vezes.

Sunflower disse...

Morrendo de vontade de dar um pulo por terras suas...