7.11.07

Um a um

Eu tentei de todas as formas decorar o texto, continuar a cena, dar mais de mim, do meu dom artístico, mas sou uma péssima atriz. Eu tentei me convencer do pouco amor, me apeguei às frases não ditas, coloquei as tuas fotos em um caixa com o título bem grande, escrito em vermelho carmim: lembranças. Tentei, todas as vezes que você chegava perto, acreditar que o teu cheiro não era mais o mesmo, a tua boca não me atrairia por nada e te ver seria me conscientizar que te perdi. Tentei arrancar, pedaço por pedaço, a camada da tua pele que havia se misturado à minha. Não deu.

Você é minha inspiração sem comando, uma espécie híbrida de harmonia e desespero. O que dá gosto na comida. Mas não dá pra gritar meu querer no teu ouvido, eu não sei ainda se você suportaria a intensidade das minhas palavras, eu não sei se você gostaria de ouvir e por isso, eu me calo e te calo. Estranho, não é? Não saber a reação de quem se conhece até pelo avesso.
Então eu só faço cantar pra você e por você, assim como você canta por mim e para mim.A gente vai se ensinando a fazer canção, mas até onde isso vai?
Até o deleite de (re)descobrir devagar o que já é coisa escancarada.

Ou até o teu azul sair da minha paleta de cores e o meu sorriso sair do teu armário.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, Clara.
Eu acho que vc chutou o pau da barraca nesse texto.
Ao mesmo tempo em que abriu o peito e deixou que um pouco da tua intensidade explodisse, preservou o que ainda tem guardado.

Muito lindo.

beijos

Anônimo disse...

palavras feito pincel retocando o azul que eu tentava,em vão,esconder atrás da cortina.

Anônimo disse...

...foras,outroras e toda essa perseguição desconhecida da nossa forma de não caber
em conjuntos ordenados.
Diagramas,tabelas e porcentagens de esquecimento abaixo do limiar onde se
encontra o peito.
Você atravessa ruas sem o conforto da minha mão,eu fico em rabiscos a desenhar
seus olhos diminuidos pelo maior sorriso,como um aprendiz e suas linhas tortas.
Nossos pés inquietos nos levam a seguir caminhos diferentes enquanto o pescoço
se vira,como bússola,nos apontando um para o outro.
Eu?
Eu me calo na vontade de prever que nosso fim é o eterno recomeço.

Thaís Salomão disse...

é, eu sei, é o amor, que ninguém mais vê..deixa eu ver a moça..

se não tem remédio, remediado está.
deixa ver a moça, então.

beijo =*

Anônimo disse...

Lembra de uma vez em que eu te disse que tu tinha também, me ensinado a "gostar de Azul-Turquesa, de todos os azúlis do mundo"?

Pois então, aquarelamos, mas amor é amor e não 'caba nunquinha! O meu transformou, o teu ficou azul mais forte. :)

Linda!