4.3.09

Jasmim, querido, jasmim.

A mesma rosa amarela
(Carlos Pena Filho)
"Você tem quase tudo dela,
o mesmo perfume,
a mesma cor,
a mesma rosa amarela,
só não tem o meu amor.
Mas nestes dias de carnaval
para mim, você vai ser ela.
O mesmo perfume,
a mesma cor,
a mesma rosa amarela.
Mas não sei o que será
quando chegar a lembrança dela
e de você apenas restar
a mesma rosa amarela,
a mesma rosa amarela.
"
Finalmente o texto inteiro! Mostrasses o meu papel, o texto e o horário rigorosamente certo da entrada ao palco. Muito bem, agora, com o texto na mão, poderei dar início à peça, nada de decorar falas e nem muita maquiagem – você sabe que comigo é na hora, com a cara limpa. Só preciso levantar a saia um pouco para que vejas o tamanho do meu salto e o meu equilíbrio perfeito. Te assustei, foi? Ah, não querido, não se levante, este é apenas o início do espetáculo.
É engraçada a tua forma de me desenhar amarela, do tipo rosa. Podes capturar, em cada traço teu, a forma mais correta das tuas lentes me enxergarem, claro. No entanto, meu tipo é jasmim, magnólia, nada de rosas e espinhos. Outra coisa é que meu perfume pode até parecer com o dela ( sabe-se lá quem representa esse azinho final), mas é meu porque não preciso de essência perfumada nenhuma, tenho a minha, sabes bem.
Nestes dias de carnaval, pouco me importou quem achavas que eu era. Pouco me importou se me encontrasses em algumas ladeiras olindenses com um sorriso no rosto pintado e outro debaixo no braço. Não me fantasiei para guardar as tuas lembranças, apenas as minhas.
Ah, antes de procurar poemas, tente entender o contexto para que eles não percam o sentido: sou colorida, não tenho uma só cor.
Quanto ao seu amor, embrulhe-o e entregue a próxima pessoa que aceite viver dentro das suas fórmulas mal elaboradas e das tuas caixinhas moldadas a aço. Eu sou livre e preciso de madrugada.

No mais, assuma suas letras.

Assim, ela desceu do salto, largou o texto e disse ao adeus ao diretor.
O jasmim, o colorido e a cara limpa não faziam parte do cenário, eram ,todos eles,
elementos essenciais da menina.

9 comentários:

João Paulo Parisio disse...

n consigo adicionar o seu blog à minha lista...

André disse...

é que tem gente que não consegue enxergar todas as cores. tem gente que não te vê clara!

Anônimo disse...

Carta às Claras

Moça, permaneci no aguardo do teu pronunciamento por um tempo incontável, cujos dias não cabem nos dedos das minhas mãos. Sabia que virias, moça, e que isto seria apenas uma questão de espera. Eis que vieste. Chegaste assim "tão diferente do teu jeito de sempre chegar", mas chegaste. E eu que, contrariando Clarice, esperava estrelas, devo confessar que me assustei com os fogos de artifício. Esqueci que é assim que se anuncia um grande espetáculo. Gostei das marcações e da iluminação inicial, também acho que Rosas Amarelas combinam com cantos e penumbras, uma quase claridade, porém, discordo de Magnólias e Jasmins no centro do palco. Mas, "chove tanta flor que, sem refletir, um ardoroso expectador vira colibri".

Desculpe-me, moça, mal reparei no salto-alto, não fosse pela tua instabilidade. Mas entreti-me com a anágua ao levantares a saia. Belíssima saia. Encatadores babados tem tua anágua. E quanto à maquiagem e a essência perfumada, não precisas te justificar, também não me importo com adornos.

Estou aqui, tens platéia. E tu, moça, que me fizeste vir até aqui às pressas [notas como estou ofegante?] para não perder esta única exibição, devias, no mínimo, caprichar no texto. Queria começar te dizendo que se o sujeito é TU, o verbo se flexiona em MOSTRASTE, ENCONTRASTE etc. Mas deixemos esta discussão para outros tempos.

Quase nunca é preciso LER poesia, mas é sempre necessário SER poesia, se é que me compreendes. Agora analisa se és tu a Rosa Amarela.

Gosto demasiadamente de flores. Jasmins, Magnólias, Papoulas, Dálias, Margaridas, Rosas, Violetas. Aprecio as que têm nomes de mulheres, e também as que não têm. Sabe que já tentei ter um pequeno jardim em casa? Ah, minha casa! Não a conheces, moça. Só caberia um pequeno jardim mesmo, ela é tão pequenina. A minha casa "até parece um ninho".

Mas minha querida moça, "o meu amor é como um fio telegráfico da estrada aonde vêm pousar as andorinhas". Gosto de andorinhas, pardais, bem-te-vis, colibris, rouxinóis. Gosto de pássaros, eles sempre cantam ao lado de minha janela ao amanhecer. Pois minha casa até parece um ninho, vem um passarinho pra me acordar, como bem sabe Arnaldo. Ah... "Como se chama a flor que voa de pássaro em pássaro?" Esta me fascina, enebria, entontece. Tanto quanto os passarinhos. Portanto, moça, queria que compreendeste que "o meu amor é sempre o mesmo, as andorinhas é que mudam".

Disseste que eras colorida, moça, "a fim de que eu copie as cores com que te adornas"? Sei das tuas cores, e sei também que precisas aprender que não nos cabe auto-definições, deixe este trabalho aos olhos alheios.

Por fim, não desça apenas do salto. "Desce das suas alturas, desce da nuvem, meu bem. Por que não deixa de tanta frescura e vem para a rua também?".

Me encantas, moça, não por seres quem tu és, não por escreveres o que escreves, não por gostares do que tu gostas, nada disso me fascina, mas por despertares em mim a vontade de dedicar-me a esta carta.

"Então... para que servem os espinhos?" Vamos descobrir?

Thaís Salomão disse...

anônimo?

Camilinha disse...

É teu?
é lindo.

muito.
claro!

Anônimo disse...

Estou aqui, tens platéia. E tu, moça, que me fizeste vir até aqui às pressas [notas como estou ofegante?] para não perder esta única exibição, devias, no mínimo, caprichar no texto. Queria começar te dizendo que se o sujeito é TU, o verbo se flexiona em MOSTRASTE, ENCONTRASTE etc.

Sei das tuas cores, e sei também que precisas aprender que não nos cabe auto-definições, deixe este trabalho aos olhos alheios.


Falou tudo!

kátia disse...

Anônimo... vamos brincar de esconde esconde? Agora, cuidado porque eu sou mais rápida e acho você logo, logo...
É uma pena que você seja anônimo, ou quem sabe se esconde através das palavras do autor das rosas amarelas pra ninguém sentir tua verdadeira essência, que pena... Quanto a menina Clara... ela vai continuar sambando lindamente colorida cheirando a jasmim e magnólias. Já você... como diz o poeta "...Errou na dose errou no amor..."

Asas, sonhos e coração... disse...

Se ele é anônimo e não reconhece a si próprio, como ver a tua luz?

Perda de tempo...

Enqto alguns se escondem no que ACHAM ser poesia, tu continua voando por aí...

Eu seguro a tua mao e vou tb...

O resto eh o resto...

E TENHO DITO huauhauhahua

Amo tu!

Anônimo disse...

esse anonimo,não sabe o que perdeu
da bela clara.karla