18.3.09

Você,

Não acreditasses muito quando te disse de manhã que iria embora, que amor de menos era demais pra mim. Levantar vôo faz parte do meu cotidiano, sabes bem. Não acreditasses quando te falei que juntaria todas as minhas roupas, o meu santo, o disco de Noel e os colocaria em uma mala do tamanho de todas as minhas vontades irrealizadas. Sempre foi mais fácil, para você, acreditar que dedilhar cinco minutos o seu violão seria o entorpecimento mais do que necessário para que qualquer crise, qualquer medo, qualquer estado que não fosse o de graça e assim, tudo se ajeitaria ,ganharia um caminho diferente. Sem falar na tal faixa amarela. Coisa nossa, coisa nossa. Devo ter falado baixo ou meus olhos marejados não te deixaram escutar meu aviso de ida, minha busca por novos sambas. É por querer muito e sempre que estou partindo, é por querer tanto a ti e a mim que pego a estrada mais longa. Cansei das tuas tentativas falhas.


Desisto.


Pois bem, levo o livro de Drummond e o porta-retrado do lado da mesinha de cabeceira pra deixar de lado possíveis saudades. Meus planos, enganos e o teu sorriso – que é meu – seguirão bem na viagem.


Fique com seus vinte anos. Eu? Fico com o meu coração.

Rita

12 comentários:

...loucos apontamentos disse...

Mt bom.

so nao esqueça de levar o sorriso. Esse sim pode ser bem util no futuro.


partir é semrpe doloroso...

Carla P.S. disse...

É por aí....
Eu já parti algumas vezes, não obstante, me pego indo pra outro lugar...
Beijos.

Salve Jorge disse...

Houve um tempo
Em que tudo era perfeito
Em que ao seu olhar eu era afeito
Que tudo que eu mais queria
Era tê-la no meu leito
Pra tudo dava-se um jeito
E nada interfiria
Era então, o tempo do aceito

Nesse tempo
O tesão era desenfreado
Todo e qualquer problema
Era facilmente superado
E tinhamos um lema
Vamos viver um amor alado
Tínhamos a paixão como tema
Embalando nosso fado

Bom tempo aquele
Em que agradar era o objetivo
Estavamos aí pra mostrar serviço
Mesmo nas dores
Não havia sumiço
O semblante era altivo
Era um tempo das flores
Perfumando nossos amores

Mas o tempo passa
As coisas costumam perder a graça
Tem dias que a gente nem se abraça
Se deixa ficar ali pela praça
E pensa que tudo podia ser diferente
Em como o mundo é cheio de gente
E no que faríamos daqui pra frente
Mas mesmo assim, a gente rechaça

Pois eu irei falar com Cronos
Mas não pra declarar nenhuma desgraça
Nem pra pedir abonos
Apenas pra lembrá-lo do espaço
Esse intertício físico do tempo
Onde fazemos nosso regaço
Impomos a necessidade de um amasso
E esquecemos de apressar o passo
Porque ainda temos todo o tempo do mundo...

"Pra ser sincero
Não espero de você
Mais do que educação
Beijos sem paixão
Crimes sem castigo
Apertos de mão
Apenas bons amigos...

Pra ser sincero
Não espero que você
Me perdoe
Por ter perdido a calma
Por ter vendido a alma ao diabo..."

Jaya Magalhães disse...
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Jaya Magalhães disse...

E você, sendo a Rita de Chico, nesse texto, levou meu sorriso. E meu trouxe outros muitos, Clara.

Beijos de carinho.

André disse...

'desculpa flor mas eu desisto'.
Clarinha, é muito mais difícil partir do que chegar. To contigo nessa viagem de ida..

Anette Alencar disse...

fique com os seus vinte anos! toma!! essa é uma boa resposta! te amo, magricela

Fleur Anonyme disse...
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Fleur Anonyme disse...
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Fleur Anonyme disse...
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Sunflower disse...

Eu queria falar, mas todo mundo falou tão grande e tão bonito que eu fiquei com vergonha.

beijas

Anônimo disse...

pegou o Neruda que ele te tomou, e nunca leu ?

:*