22.8.11

Quarta-feira ingrata

Ela chega. Ela sempre chega.
Chega quando menos se espera,
ou quando não se aguenta mais de agonia.

Chega como uma desculpa para o fim da folia.
Chega no meio do reencontro.
Ingrata, desordeira e cheia de mania.
Chega no auge das frases bonitas.

No meio do planejamento das minhas notícias
ou nas tais cartas de despedidas.
Ela sempre chega.

Chega porque a vida tem uma rotina 

Chega para te lembrar dos meus poemas
e me lembrar das tuas rimas.
Chega quando menos se imagina,
nas praças de Olinda.
Chega sem medida, sem agenda definida.
Chega sorrateira, desmedida.
Ela sempre chega, doida varrida
e só com a tua passagem de ida.

Mas já que os caminhos escolhidos não cabem

no nosso dia a dia.
Essa tua vontade de viver de rede
não combina com a minha de gritaria.
Saiba, seu moço,
que mesmo correndo o risco
de essas rimas serem pouco
sem classe ou até mesmo sem sentido,
elas, no fundo, só querem falar de saudade.
Da vontade de te ter mais do que em disco.
Elas só querem que, na mala,
vá um bicho que te atente a alma
e que seja a solução
dos meus dias
sem juízo.



Saudade fez um samba em seu lugar, benzinho

5 comentários:

Leandro Luz disse...

Muito bom !!!!

Anônimo disse...

Realmente incrível...
Você me traz esperanças de que a poesia do dia a dia ainda não morreu.
Bjao

Amanda disse...

Nunca mais tinha passado por aqu.
Vim, li, senti, compartilhei do sentimento e gostei!
saudades da senhora.

eu0303 disse...

O Brasil precisa saber dos seus poetas. Mostre-se…

Giovana F. disse...

Realmente ela sempre chega... e sabe lá Deus quando ela vai resolver ir embora...

Gostei muito!